A partir da década de 80 a China encontrou nos resíduos sólidos uma fonte primorosa de matéria-prima, isso fez com que o país asiático se tornasse o maior importador de resíduos do mundo. Até 2017 chegou a processar mais da metade dos materiais reciclados do planeta, com mais de 45 milhões de toneladas de metal, plástico e papel. A maior parte desses resíduos era originária de países ricos, como Estados Unidos, Japão, Europa e países emergentes, como o Brasil, também vendiam resíduos para os chineses. Entretanto visando reduzir o impacto ambiental causado por essa prática a China iniciou em 2017 um processo de redução de importação, que se encerrou em 2020 quando o governo chinês proibiu completamente a importação da maioria dos resíduos sólidos, criando um grande problema de gestão de resíduos nos países que dependiam das compras chinesas.
Apesar de usar o interesse Chinês como válvula de escape para lidar com o problema de resíduos, muitos países encontraram alternativas paralelas que podem ser a solução do repentino desaparecimento de demanda. A Suécia, por exemplo, adota políticas de coleta rígidas, onde a separação é feita levando tudo que pode ser reciclável a centros de coleta disponibilizados pelo próprio governo, e o que não pode ser reciclado é queimado e transformado em energia. Para incentivar a menor geração de resíduos a Suécia também cobra uma taxa proporcional aos resíduos produzidos, reduzindo assim os volumes de resíduos na própria fonte. Por outro lado, curiosamente isso gera um problema colateral, já que eles dependem da produção de resíduos para gerar energia.
Nos Estados Unidos a cidade de São Francisco é um exemplo a ser seguido para o resto do país. Em 1989 a cidade da California assumiu o compromisso de zerar as remessas de resíduos sólidos para aterros sanitários até 2020, tendo como primeira medida o investimento em educação ambiental, ensinando os cidadãos como separar resíduos e técnicas de reciclagem, além de massivo investimento em tecnologias que permitem o reaproveitamento de material descartável. A implementação de uma parceria público-privado fez com que em 2011, nove anos antes da meta estabelecida, 80% dos resíduos já eram destinados a reutilização, reciclagem e compostagem.
Aqui na América do Sul o Peru exporta seu modelo adaptável às necessidades de cada localidade. O sistema se baseia na promoção da articulação e participação do Estado, empresas e sociedade civil em soluções integrais de adaptação e mitigação frente às mudanças climáticas. Esse modelo conhecido como Ciudad Saludable, ou Cidade Saudável em português, foi pensado em 2003 com base nos problemas da cidade peruana Carhuaz e atualmente já foi adotado em mais de 100 governos em três continentes. Nesse modelo o setor público e o privado trabalham em conjunto para combater o descarte ilegal de resíduos e desenvolverem campanhas educacionais para a população.
Lidar com nossos resíduos é um problema urgente de um mundo cada vez mais urbanizado e povoado, por muito tempo a China foi uma opção viável para muitos países, porém essa dependência se provou problemática. Além dos exemplos citados nesse texto países como o Japão, Holanda e Canadá também tem estratégias diversificadas para lidar com tudo aquilo que produzem e todas elas passam pela conscientização. A SCRAP entende e exerce seu papel nesse processo, caso você ainda não saiba qual é seu papel nessa história, entre em contato conosco e lhe daremos maiores informações sobre o assunto.