O papelão na construção civil

Indiscutivelmente a construção civil é um dos setores mais importantes do nosso país, originando 7,3% dos empregos do Brasil em 2019 segundo o jornal Estadão. A necessidade de novas tecnologias que melhorem o setor é crescente assim como a importância de buscar meios mais sustentáveis para o mercado, por isso a construção civil vem olhando para um material comum, mas muitas vezes subestimado: o papelão.

O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) promoveu uma pesquisa para demonstrar a utilidade e segurança do papelão na construção civil. Através de pequenas construções experimentais com paredes feitas de tubos de papelão. Foi apurado que o material era capaz de suportar até 6 toneladas com o uso de resina impermeabilizante, que também o torna resistente a chuvas e a umidade. Nesse experimento ainda falta estudar a relação com o fogo, já que todos os materiais de construção civil são suscetíveis a ele, sendo necessário constatar se em um eventual incêndio as pessoas teriam tempo para sair do local com segurança. Apesar de estar nos estados iniciais no Brasil esses estudos podem trazer uma perspectiva animadora para o futuro, como já está sendo colocado em prática em outros países.

Nesse assunto o arquiteto japonês Shigeru Ban é pioneiro. Dedicando sua carreira para transformar materiais fracos e baratos em estruturas resistentes, Ban começou a realizar testes em 1986 utilizando estruturas temporárias e semipermanentes com tubos de papelão, já em 89 finalmente começou a experimentar o papelão com função estrutural através de testes controlados passando a ampliar a complexidade dos projetos até que em 94 o Alto Comissariado da ONU aceitou sua sugestão para construir um abrigo para refugiados utilizando essas técnicas.

Com seus projetos colocados em prática Ban conseguiu fornecer uma opção mais barata e ecológica destinada muitas vezes a questões sociais. Além de abrigos para refugiados também aplicou suas técnicas em outros tipos de obras como uma escola na China onde já está em uso a mais de dez anos ou na catedral temporária na Nova Zelândia com expectativa de durar 50 anos. Os trabalhos de Ban proporcionaram estruturas de fácil construção, facilitando a aplicação de fiações e tubulações garantindo ao arquiteto em 2014 o maior prêmio da arquitetura, o prêmio Pritzker.

Na mesma linha do japonês o estúdio de arquitetura Fiction Factory iniciou o projeto das casas Wikkelhouse, que podem durar até 100 anos com sua fundação feita de módulos de papelão e ripas de madeira. Apesar de serem construções mais modestas do que as de Ban o projeto holandês é mais uma prova da eficácia do papelão para a construção civil que em alguns anos pode ter nesse material um aliado poderoso para diminuir o preço de moradias ao mesmo tempo que torna o setor totalmente sustentável. A SCRAP acredita na importância da sustentabilidade, não apenas na construção civil como em todos os setores da sociedade, e está ativamente envolvida em criar um mundo mais ecológico em todos.

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